Até o início de dezembro, Ministério da Agricultura aprovou 76 produtos biológicos, quase o dobro de 2019; coordenador do órgão acredita que Brasil será referência em biotecnologia aplicada ao agro
O recorde de registro de defensivos biológicos em 2020 foi tema do programa Direto ao Ponto deste domingo, 13. Até o início deste mês, 76 produtos dessa categoria foram aprovados pelo Ministério da Agricultura (Mapa), resultado 76,7% superior ao verificado em 2019, quando houve registros. O maior interesse dos produtores pelos produtos biológicos, suas vantagens, formas de produção, tipos de registro e peculiaridades na aplicação foram abordados no programa. O entrevistado da semana foi o coordenador de Agrotóxicos e Afins do Mapa, Bruno Breitenbach.
“A gente está verificado que no campo o produtor rural vem adotando essa tecnologia com muita ênfase. Sem sombra de dúvidas, este é o ano verde da agricultura nacional, naquilo que se refere a registros de produtos de baixo impacto”, avaliou o coordenador do Ministério da Agricultura.
Bruno Breitenbach afirmou que esse aumento nos pedidos de registros e a maior demanda pelos defensivos biológicos estão associados às condições climáticas do país, à alta tecnologia aplicada à agricultura nacional. “Os investimentos nesse tipo de tecnologia têm aumentado muito. Então, não há dúvidas que o Brasil, se não for já, será, num futuro muito próximo, uma referência em biotecnologia aplicada em agricultura”, destacou.
Além da sustentabilidade, Breintebach esclareceu que os produtos biológicos e microbiológicos têm a vantagem de poderem ser aplicados em qualquer cultura. Essa mesma situação não ocorre com os pesticidas químicos. “Se tiver um vírus que ataque a helicoverpa, o produto microbiológico pode ser usado na alface, no tomate ou onde essa praga for encontrada”, exemplificou.
Os produtos biológicos também necessitam de um tempo para registro inferior ao dos defensivos químicos. Segundo o coordenador do Mapa, isso acontece porque se tratam de produtos de baixo impacto, e a legislação determina prioridade nas análises para aprovação. Enquanto uma molécula nova de um produto química leva de 6 a 7 anos para ser registrada, o biológico não passa de 14 meses, de acordo com Bruno Breitenbach.
Ele ainda explica que esse tipo de produto complementa ou até substitui o uso de defensivos químicos convencionais. Porém, alerta que a eficiência dos biológicos depende das condições climáticas. “O agricultor brasileiro já tem conhecimento de qual a melhor maneira de obter bons resultados desses produtos, mas eles são tão eficientes quanto produtos químicos”, disse.
Os produtores de orgânicos poderão ter a opção de fabricar o seu próprio defensivo biológico. Para isso, o Ministério da Agricultura preparou um regulamento que está, no momento, em consulta pública. Há previsão de que o regulamento contenha um manual de boas práticas de fabricação para os produtos fitossanitários com uso aprovado pela agricultura orgânica. Será exigida também a presença de um responsável técnico.
“Não adianta também reproduzir um ativo biológico, gastar recurso com insumos para produção, e o produto não ter eficiência nenhuma”, ponderou Breitenbach.
Fonte: Canal Rural